terça-feira, 22 de setembro de 2009

DIVINO ESPÍRITO SANTO




2 comentários:

  1. Novo Milénio:
    Redonda que nem um O,
    a formosa lua
    repousa no zénite
    do horizonte.
    -
    Presa ao corrimão da escada,
    a bicicleta do sonho;
    nela galgo degraus e patins,
    milhentos andares.
    -
    Mesa,
    onde a água, o quente café;
    repouso a movimento;
    pra versos motivo.
    -
    Cinzeiro
    com cinzas, fumos;
    enche-se dum sobejo ar.
    -
    Radiozinho,
    sons, vozes, luas;
    ósculos a ouvidos,
    qu’auscultam.
    -
    Esferográfica,
    riscando o plano, desliza;
    verdade a preencher a luz.
    -
    Moedas esquecidas,
    um troco distante;
    a que jazem aí,
    se a mundo devidas?
    -
    Gentes,
    irrompendo,
    a entrada perpassam;
    anelam p’lo dia,
    por enquanto incerto.
    -
    A hora entreaberta,
    tangem-se plenitudes.
    -
    A planta,
    escondida, subindo húmus;
    pouco, mas tanto, teimando crescer.
    -
    A espada,
    o espírito, a palavra inflamada;
    recolhidos os versos, relê-se o transcrito;
    confluem para a vida desvairados andantes.
    -
    Da porta
    a passagem…
    Ora o coração.
    -
    Maria o Filho nos dá;
    com Ela sonhamos.
    -
    Envolvente capote
    o corpo me abriga;
    agasalha-me a alma;
    veste-me o dia.
    -
    Seja véspera
    da maior novidade;
    encete-se
    partida.
    -
    Ramerrão,
    automóveis
    por insondável desvio.
    -
    Retorno ao pão,
    à palavra, à paz,
    terreno sabor.
    -
    Óculos pra ver perto:
    Luzentes evidências
    a mim se imprimam;
    alegrem-me ânimos.
    -
    Olhos pra ver longe,
    opacas barreiras
    fazei desmoronarem-se;
    envolvam-vos distâncias.
    -
    Sonhos ar
    do meu olhar
    deixam nuvens
    abandonadas.
    -
    Botas d’encantamento,
    a corridas novas
    com solas gastas;
    que os atacadores
    não se desapertam.
    -
    Isqueiro, breve chama,
    disparada pela chispa;
    repentina crispa
    baça luz ao transeunte ver;
    ateie-se jubilosa labareda.
    -
    Volante cachecol,
    a vagalhões eólicos,
    aconchegues-me a voz;
    e, improviso, me guardes.
    -
    Fio d’óculos,
    liberta-me prà lonjura;
    as lentes suspende;
    também quanto pese.
    -
    Relógio fixo a pulso e desalento,
    pronto esqueça teu mostrador
    de inexoráveis traços,
    cale teu ponteado cromático,
    mas levante minhas mãos.
    -
    Cruz,
    contentamento
    pra alargado
    amanhã.
    -
    À janela,
    estou dentro
    e fora.
    -
    Família,
    fundamentos
    pra humana ponte.
    -
    Bensaúde: Aquática memória.
    Estevais: Na fraga, o alto tojo.
    San Martino: Los raros cangarêgos.
    Freixo de Espada-à-Cinta: Inacessível romança.
    Barcelos: Embarques tímidos versos nesse sereno Cávado.
    Braga: À luta, à praça te convocam.
    Lisboa: Caravelas deixaram fumo, nada.
    Setúbal: Desterro, refúgio, gozosa liberdade.
    http://angeloochoa.net/

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  2. ...Poeminhas meus, escritos a 2.2.2000, em Setúbal, para onde ando exilado ou desterrado de meu Cerejais, e de minha Alfândega da Fé, vai para 36 anos!

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